Perfil epidemiológico do abandono do tratamento da tuberculose na região nordeste do Brasil, de 2015 a 2017 / Epidemiological profile of abandonment of tuberculosis treatment in Northeast region of Brazil from 2015 to 2017 / Perfil epidemiológico del abandono del tratamiento de tuberculosis en la región nordeste, Brasil, de 2015 a 2017

A tuberculose é uma doença infectocontagiosa que ainda é um grande problema de saúde pública no Brasil. É uma doença que tem cura e o tratamento é disponibilizado pelo SUS, porém, o tratamento é longo e necessita de muita atenção dos pacientes e da equipe de saúde. Vários fatores contribuem para que os doentes abandonem o tratamento, o que dificulta o controle dessa enfermidade. Este estudo tem como objetivo descrever o perfil epidemiológico dos casos de abandono do tratamento da tuberculose na região Nordeste do Brasil no período de 2015 a 2017. Trata-se de um estudo ecológico descritivo e exploratório, realizado mediante coleta de dados secundários disponíveis no Sistema de Informações de Agravos e Notificação (Sinan). Foram utilizadas variáveis sociodemográficas e clínicas dos casos de abandono para calcular frequências absolutas e relativas e taxas de abandono nos estados da região. Foram notificados 7.861 casos de abandono do tratamento da tuberculose no Nordeste no período estudado, representando uma taxa média de abandono de 11%. O perfil dos indivíduos que abandonaram o tratamento foi: predomínio do sexo masculino, pardos, com faixa etária entre 30 e 49 anos, escolaridade de média a baixa, e pacientes que apresentaram a forma pulmonar da doença. O Nordeste está longe de atingir a meta preconizada pela OMS para o controle da tuberculose. Conhecer o perfil epidemiológico das pessoas que abandonam o tratamento e, portanto, as vulnerabilidades delas, é importante para que sejam realizadas ações de vigilância e projetos direcionados a essa população.

Tuberculosis is an infectious contagious disease that is still a major public health problem in Brazil. It has cure and the treatment is provided by the SUS; however, the treatment is long and requires a lot of attention from the patients and the health team. Several factors contribute to patients abandoning treatment, which makes it difficult to control this disease. This study aimed at describing the epidemiological profile of cases of abandonment of tuberculosis treatment in the Northeast region of Brazil from 2015 to 2017. This is a descriptive and exploratory ecological study conducted by means of data collection available in the Aging and Notification Information System (SINAN). Sociodemographic and clinical variables were used for abandonment cases to estimate both the absolute and the relative frequencies and to estimate abandonment rates in the states of the region. There were 7,861 cases of cessation of tuberculosis treatment in the Northeast region during the study period, with an average abandonment rate of 11%. The profile of the individuals that abandoned treatment were: male, brown, with ages ranging from 30 to 49 years, medium to low level of education, and patients that presented the pulmonary form of the disease. The Northeast is far from reaching the goal recommended by the WHO to control tuberculosis. Knowing the epidemiological profile of people that abandon treatment and, therefore, vulnerabilities, is important for vigilance actions and projects aimed at this population.

La tuberculosis es una enfermedad infectocontagiosa, que sigue siendo un gran problema de salud pública en Brasil. Es una enfermedad que tiene cura, su tratamiento es proveído por el Sistema Único de Salud (SUS), pero tiene una larga duración y necesita una especial atención de los pacientes y del equipo de salud. Son varios los factores que contribuyen al abandono del tratamiento por parte de los pacientes, lo que dificulta el control de esa enfermedad. Este estudio tiene como objetivo describir el perfil epidemiológico de los casos de abandono del tratamiento de la tuberculosis en la región Nordeste de Brasil en el período de 2015 a 2017. Este es un estudio ecológico descriptivo y exploratorio, realizado a partir de datos secundarios disponibles en el Sistema de Información de Agravios y Notificación (Sinan). Se utilizaron variables sociodemográficas y clínicas de los casos de abandono para calcular frecuencias absolutas y relativas, además de tasas de abandono en los estados de la región. Se notificaron 7.861 casos de abandono del citado tratamiento en la región Nordeste en el período estudiado, con una tasa media de abandono del 11%. El perfil de los individuos que abandonaron el tratamiento fue: predominio del sexo masculino, pardos, con rango de edad de entre 30 a 49 años, nivel de escolaridad de media a baja, y pacientes que presentaron la forma pulmonar de la enfermedad. El Nordeste está lejos de alcanzar la meta establecida por la Organización Mundial de la Salud (OMS) para controlar la tuberculosis. Es esencial conocer el perfil epidemiológico de las personas que abandonan el tratamiento y sus vulnerabilidades para que se realicen acciones de vigilancia y proyectos dirigidos a esta población.

Candida species isolated from the vaginal mucosa of HIV-infected women in Salvador, Bahia, Brazil

BACKGROUND: Vulvovaginal candidiasis (VVC) is the second most common vaginal infection. HIV-infection is a risk factor for this infection. OBJECTIVE: To determine the frequency of VVC and to describe the main Candida species isolated and their susceptibility to antifungal drugs in HIV-infected patients, compared to HIV-uninfected women in Salvador, Brazil. METHODS: Cross-sectional study including a group of 64 HIV-infected women and 76 uninfected women, followed up at the AIDS reference center and at the Gynecological Clinic of Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (Salvador, Bahia, Brazil). RESULTS: Frequency of Candida spp. was higher in HIV-infected women (29.7 percent) than in HIV-uninfected controls (14.5 percent) (p = 0.02). The odds ratio value for vulvovaginal candidiasis in HIV-infected patients was 2.6 (95 percent CI: 1.07 - 6.32 p = 0.03). Candida albicans was the most commonly isolated species in both HIV-infected (52.3 percent) and uninfected women (85.7 percent), followed by C. parapsolis in 17.6 percent and 14.3 percent, respectively. In HIV-infected women, C. glabrata, C. parapsilosis, and a coinfection of C. albicans and C. glabrata were also identified. There was no significant difference between Candida species isolated from the vaginal mucosa of women with VVC and colonization of the vaginal mucosa of HIV-infected and HIV-uninfected women. One C. glabrata isolate from an HIV-infected patient was resistant to fluconazole and other two isolates exhibited a dose-dependent susceptibility. CONCLUSION: Our results confirm a higher frequency of Candida spp. isolated from the vaginal mucosa of HIV-infected women and a broader spectrum of species involved. Only Candida glabrata isolates showed decreased susceptibility to fluconazole.

Vulvovaginites em mulheres infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana / Vaginal infections in human immunodeficiency virus-infected women

OBJETIVO: comparar a freqüência de vulvovaginites em mulheres infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) com mulheres não infectadas. MÉTODOS: estudo de corte transversal com 64 mulheres infectadas pelo HIV e 76 não infectadas. Foram calculadas as freqüências de vaginose bacteriana, candidíase e tricomoníase, que foram diagnosticadas por critérios de Amsel, cultura e exame a fresco, respectivamente. Para análise dos dados, utilizaram-se o teste do c2, teste exato de Fisher e regressão múltipla para verificar a independência das associações. RESULTADOS: a infecção vaginal foi mais prevalente em pacientes infectadas pelo HIV quando comparadas ao Grupo Controle (59,4 versus 28,9 por cento, p<0,001; Odds Ratio=2,7, IC95 por cento=1,33-5,83, p=0,007). Vaginose bacteriana ocorreu em 26,6 por cento das mulheres HIV positivas; candidíase vaginal, em 29,7 por cento e tricomoníase, em 12,5 por cento. Todas foram significativamente mais freqüentes no grupo de mulheres infectadas pelo HIV (p=0,04, 0,02 e 0,04, respectivamente). CONCLUSÕES: vulvovaginites são mais freqüentes em mulheres infectadas pelo HIV.

PURPOSE: to compare the frequency of vulvovaginitis in women infected with human imunnodeficiency virus (HIV) with the frequency in non-infected women. METHODS: a transversal study including 64 HIV infected women and 76 non-infected ones. The frequencies of bacterial vaginosis, candidiasis and trichomoniasis, diagnosed by Amsel's criteria, culture and fresh exam, respectively, were calculated. Chi-square test, Fisher's exact test and multiple regressions to verify the independence of associations were used to analyze the data. RESULTS: the vaginal infection was more prevalent in HIV infected patients, as compared to the control group (59.4 versus 28.9 percent, p<0,001; Odds Ratio=2.7, IC95 percent=1.33-5.83, p=0.007). Bacterial vaginosis occurred in 26.6 percent of the positive-HIV women; vaginal candidiasis, in 29.7 percent and trichomoniasis, in 12.5 percent of them. All the infections were significantly more frequent in the group of HIV infected women (p=0.04, 0.02 e 0.04, respectively). CONCLUSIONS: vulvovaginitis is more frequent in HIV infected women.

Detection of diarrheagenic Escherichia coli from children with and without diarrhea in Salvador, Bahia, Brazil

We identified different diarrheagenic (DEC) Escherichia coli pathotypes isolated from 1,207 children with and without acute endemic diarrhea in Salvador, Bahia, Brazil collected as part of a case-control study. Since the identification of DEC cannot be based on only biochemical and culture criteria, we used a multiplex polymerase chain reaction developed by combining five specific primer pairs for Enteropathogenic Escherichia coli (EPEC), Shiga toxin-producing E. coli/ Enterohaemorrhagic E. coli (STEC/EHEC), Enterotoxigenic E. coli (ETEC) and Enteroaggregative E. coli (EAEC) to detect these pathotypes simultaneously in a single-step reaction. In order to distinguish typical and atypical EPEC strains, these were tested for the presence of EAF plasmid. The prevalence of diarrheagenic E. coli in this sample of a global case-control study was 25.4 percent (259 patients) and 18.7 percent (35 patients) in the diarrhea group (1,020 patients) and the control group (187 patients), respectively. The most frequently isolated pathotype was EAEC (10.7 percent), followed by atypical EPEC (9.4 percent), ETEC (3.7 percent), and STEC (0.6 percent). Typical EPEC was detected only in one sample. The prevalence of the pathotypes studied in children with diarrhea was not significantly different from that in children without diarrhea.

Fatores de risco das diarréias em crianças em Salvador-Ba / Risk factors of the diarrhea children in Salvador, Ba, Brazil

A diarréia é uma síndrome que envolve uma série complexa de agentes etiológicos, sejam parasitas, bactérias ou vírus e estes variados agentes apresentam diferenças em seus mecanismos e vias de transmissão. Este estudo procurou contribuir para a ampliação do conhecimento acerca dos determinantes envolvidos na ocorrência da diarréia em um contexto urbano de um país em desenvolvimento. Tratou-se de um estudo de caso controle com crianças até dez anos de idade, residentes em Salvador, Bahia no período de novembro de 2002 a agosto de 2004. Este trabalho foi apresentado em três artigos. Primeiramente construiu-se um modelo conceitual hierárquico que envolveu um conjunto de fatores socioeconômicos, ambientais, relacionados à manipulação de alimentos e com o contato interpessoal, a fim de verificar o papel relativo destes múltiplos fatores na ocorrência da diarréia. Observou-se que as condições do ambiente em que vivem as crianças favorecem a difusão de agentes infecciosos de transmissão oral-fecal. Ficou evidente a importância de fatores relacionados ao contato interpessoal, que favorece as possibilidades de transmissão entre doentes ou portadores de infecção e indivíduos sadios ou não infectados. No segundo artigo, quando se analisou a ocorrência dos agentes etiológicos, observou-se alto percentual de casos de diarréia associado ao Rotavirus (24,9%) e a baixa freqüência de bactérias, com exceção de Escherichia coli, mostrando um padrão transicional, o que se aproxima do que ocorre nos países desenvolvidos. No terceiro artigo, ao analisar os fatores de risco relacionados à ocorrência da diarréia associada à E. coli diarreiogênica ficou evidente os fatores relacionados ao contato pessoa a pessoa e àqueles relacionados à manipulação da alimentação das crianças que são importantes vias de transmissão destes agentes bacterianos...